prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, manifestou-se publicamente nesta sexta-feira ao lado da vice-prefeita Isabel Swan para lamentar a derrota da candidatura conjunta com o Rio de Janeiro na disputa pela sede do Pan 2031 — que acabou sendo concedida a Assunção, no Paraguai. Segundo ele, “foi por pouco, muito pouco” (28 votos a 24) e destacou que o Brasil “tem direito a dois votos, mas um país que poderia somar apoio não votou”.
Apesar da consternação e dos discursos emotivos, a perda do Pan ressalta fragilidades estruturais que Niterói precisa enfrentar com urgência:
Falta de credibilidade e preparação interna
Se a cidade aspirava sediar um evento de magnitude continental, esperava-se que investisse com antecedência em infraestrutura, logística e articulação política sólida. O fato de a candidatura ter sido apresentada “no início deste ano”, segundo Neves, mostra um planejamento tardio frente a competidores que já vinham trabalhando há anos — como é o caso de Assunção.
Além disso, depender de votos externos e reclamar que “um país não votou” revela fragilidade diplomática: apostar tudo em apelos emocionais não basta, se o município não teve força política e alianças bem consolidadas.
Problemas locais que espantam investimento
Enquanto se lamenta por perder o Pan, muitos niteroienses convivem com dores cotidianas: buracos nas ruas, transporte público deficitário, infraestrutura precária em bairros afastados, esgotamento sanitário ainda deficiente em áreas vulneráveis, e políticas urbanas fragmentadas. Se o município não resolve seus problemas internos, qual credibilidade terá para sediar um evento que exige padrão internacional?
A cidade pode até “abraçar candidaturas compartilhadas” no discurso (como afirma Neves), mas segue tropeçando na própria gestão: bairros sem pavimentação decente, drenagem que não dá conta das chuvas, má iluminação e abandono de praças e espaços públicos.
Lamento, mas com responsabilidades
Rodrigo Neves tentou amenizar: disse que a “semente foi plantada” e que Niterói ganhou visibilidade internacional com a candidatura. Mas é arriscado celebrar visibilidade quando a “marca Niterói” ainda convive com críticas sobre manutenção urbana e serviço público.
Em suas declarações, o prefeito também parabenizou Assunção, argumentando que a candidatura paraguaia vinha sendo construída há quatro anos, enquanto a de Niterói teve um “início tardio”. Esse reconhecimento explícito do menor tempo de preparo é, em si, um autocrítica: se faltou tempo, faltou planejamento.
Oportunidade perdida — e alerta para o futuro
O Pan 2031 agora vai para o Paraguai, e Niterói fica com a frustração de não ter sido escolhida — por pouco, dizem. Mas essa derrota pode servir como alerta: não basta querer sediar grandes eventos se o município não resolve primeiro seus problemas internos mais básicos. Apostar em treinamentos, articulação política, manutenção urbana e qualidade de vida é essencial para que, na próxima chance, Niterói não fique só “por pouco”.



