Moradores dos complexos do Alemão e da Penha realizaram um protesto em frente ao Palácio Guanabara, no Rio de Janeiro, nesta quarta-feira, em resposta a uma operação policial que resultou em um elevado número de mortos. O grupo acusou o governador Claudio Castro de liderar o que chamaram de “carnificina” durante a ação, que teria deixado mais de uma centena de vítimas.
A manifestação, acompanhada por policiais do Batalhão Tático Móvel da Polícia Militar, partiu do Complexo da Penha em direção à sede do governo estadual. Os participantes empunhavam cartazes com mensagens de forte impacto, incluindo “estado genocida”, “todas as vidas importam”, “150 mortes por uma guerra política” e “Castro assassino”. A indignação também se manifestou em dezenas de bandeiras do Brasil, maculadas com manchas vermelhas.
Rute Sales, moradora da região e ativista negra, expressou a revolta da comunidade: “Não é possível que esse governador não seja responsabilizado por tantas vidas. Ou nós já temos pena de morte no país? O que aconteceu dentro da comunidade foi um genocídio. Toda véspera de eleição, tem uma estratégia de entrar nas nossas comunidades, matar o nosso povo e causar o terror”.
Outra manifestante reforçou a crítica: “Os corpos estão sendo usados politicamente. E os corpos que tombam são os nossos, do povo preto e do povo pobre. Não aguentamos mais”.
O protesto coincidiu com um encontro entre o governador Castro e o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Ricardo Lewandowski. Na ocasião, foi anunciado a criação de um escritório emergencial com o objetivo de combater o crime organizado no estado, intensificando a cooperação entre as autoridades federais e estaduais.
A coordenação do escritório será compartilhada pelo secretário nacional de Segurança Pública, Mario Sarrubbo, e pelo secretário de Segurança Pública do Rio, Victor Santos.
Lewandowski anunciou que o governo federal irá reforçar a presença da Polícia Rodoviária Federal nas estradas com o aumento de 50 agentes, além de intensificar o número de agentes de inteligência no estado. Peritos e vagas em presídios federais também foram colocados à disposição do governo estadual, caso necessário.
Apesar das críticas e das denúncias de execuções e torturas nas comunidades, o governador Claudio Castro classificou a operação como um sucesso, afirmando que as únicas vítimas dos confrontos foram os quatro policiais mortos. Segundo ele, a ação representou um “duro golpe na criminalidade” e não houve excesso por parte das forças de segurança.
Fonte: www.infomoney.com.br



