O Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta um cenário fiscal menos preocupante para o Brasil em 2024 e 2025, porém, alerta para um possível aumento significativo da dívida pública em 2026, ano de eleições presidenciais. As projeções constam no relatório Monitor Fiscal, divulgado durante as reuniões anuais do FMI em Washington.
De acordo com o relatório, a relação entre a dívida pública e o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve alcançar 91,4% no ano corrente, um aumento em relação aos 87,3% registrados em 2024. Apesar do aumento superior a quatro pontos percentuais, a estimativa atual é menor do que a projeção anterior de 92%, divulgada em abril.
Para 2026, o FMI também revisou sua projeção, embora ainda indique um novo salto na dívida. A expectativa é que a dívida pública em relação ao PIB avance para 95,0% no ano, abaixo dos 96% estimados anteriormente. Caso se confirmem, as projeções apontam para o maior nível de endividamento do país desde 2020, quando as políticas fiscais foram expandidas globalmente em resposta à pandemia. Naquele ano, a dívida pública atingiu 96% do PIB.
O FMI estima uma deterioração de mais de 11 pontos percentuais no endividamento do Brasil ao longo do atual mandato presidencial. A projeção, no entanto, é inferior à estimativa de abril, que apontava para um impacto de 12 pontos percentuais. No mandato anterior, houve uma melhora de quase 1 ponto percentual. O Fundo ressalta que as projeções fiscais refletem as políticas atuais e as expectativas para o futuro no país.
Apesar de observar uma desaceleração no ritmo de deterioração do endividamento, o FMI alerta para o risco de uma deterioração constante das contas públicas brasileiras. No cenário traçado, a dívida pública em relação ao PIB deve atingir 97% em 2027 e alcançar um novo recorde de 98,1% em 2030, ao final do próximo governo.
A dívida bruta como proporção do PIB é um indicador-chave da saúde financeira de um país, sendo monitorada de perto por agências de classificação de risco e investidores. O FMI calcula esse indicador de forma distinta, incluindo os títulos do Tesouro detidos pelo Banco Central, para garantir a comparabilidade entre os países.
Em relação às metas fiscais, o FMI manteve as projeções revisadas em abril. O Fundo prevê um déficit primário de 0,6% do PIB para este ano e de 0,2% em 2024, descartando a possibilidade de o país alcançar um superávit primário durante o atual governo.
O governo enfrenta desafios no campo fiscal, incluindo a recente rejeição de medidas que buscavam alternativas ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). O Ministro da Fazenda reafirmou que o governo não planeja alterar a meta fiscal para o próximo ano, que prevê um superávit primário de 0,25% do PIB.
O FMI não acredita que o governo conseguirá alcançar o superávit primário no último ano do mandato, mas projeta uma redução do déficit primário para 0,4% do PIB no próximo ano. A expectativa é que o Brasil só consiga equilibrar as contas públicas no próximo governo, com um superávit primário de 0,3% do PIB em 2027 e uma melhora gradual para 1,4% em 2030.
Fonte: www.infomoney.com.br



