Edifícios abandonados, estruturas inacabadas e terrenos ociosos contrastam com o dinamismo e a valorização imobiliária da Zona Sul. Antigos hotéis, prédios residenciais e comerciais, outrora símbolos de prosperidade, transformaram-se em esqueletos urbanos, muitos aguardando por uma solução há anos. Contudo, este cenário pode estar prestes a mudar.
Com o mercado imobiliário em alta, impulsionado por investimentos robustos na construção civil, a expectativa é que estes locais, antes esquecidos, ganhem nova vida.
Um dos exemplos mais emblemáticos situa-se no Posto 6, entre Copacabana e Ipanema: o empreendimento da Gafisa, erguido onde antes funcionava o Bingo Arpoador. Após a proibição dos bingos em 2003, uma rede hoteleira adquiriu o terreno, demolindo o antigo prédio para construir um hotel. O negócio não prosperou e, em 2021, a incorporadora Bait comprou a área, planejando um residencial de luxo avaliado em R$ 550 milhões.
No ano seguinte, a Gafisa adquiriu a Bait e anunciou o residencial “Canto Mar”. Atualmente, a estrutura do prédio permanece parada, exibindo sinais do tempo. A Gafisa possui outro “esqueleto” na Zona Sul, onde ficava o Hotel Praia Ipanema, em Ipanema.
A Gafisa, por sua vez, discorda da classificação de “esqueletos” para seus empreendimentos e afirma que ambos estão em fase de lançamento. Sobre o projeto do Arpoador, agora chamado apenas de “Canto”, a empresa o descreve como um residencial de luxo focado em sustentabilidade e integração com o entorno, com obras em estágio avançado. O lançamento está previsto para o primeiro semestre de 2026.
Em relação ao imóvel de Ipanema, a construtora optou por um projeto de retrofit, preservando a estrutura existente, e o empreendimento está em fase preparatória para lançamento. Especula-se que o local manterá sua função hoteleira, devido às restrições do Plano Diretor para conversão de hotéis na orla.
O Sindicato da Construção Civil do Rio (Sinduscon-Rio) acredita que a prefeitura já possui instrumentos para intervir em casos de abandono, incluindo a desapropriação por hasta pública, conforme previsto no Plano Diretor aprovado em 2024. Segundo o Sinduscon, esta medida agiliza o processo e gera mais segurança para futuros compradores, já tendo sido utilizada em um antigo hotel em Ipanema.
No setor hoteleiro, o otimismo é evidente. O presidente da HoteisRio, Alfredo Lopes, acredita que os “esqueletos” não existirão mais em 2026. Ele cita o Hotel Marina, no Leblon, como o último caso pendente, com negociações em andamento para sua resolução.
Outros empreendimentos, como o antigo Ceasar Park, em Ipanema, serão revitalizados e reabertos como Sofitel. O Everest, também em Ipanema, será transformado em estúdios para hospedagem digital.
Enquanto o setor privado se movimenta, a Câmara do Rio aprovou um projeto que autoriza a prefeitura a intervir em edificações com risco de desabamento. A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (SMDU) informou que os imóveis particulares são de responsabilidade de seus proprietários, mas que o município “estuda a aplicação de instrumentos de uso e gestão do solo”.
Fonte: temporealrj.com



