Uma megaoperação policial, mobilizando 2,5 mil agentes, teve como principal alvo Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca ou Urso, apontado como um dos líderes do Comando Vermelho (CV). A ofensiva ocorreu nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, resultando na atualização do cartaz de “procurado” de Doca, com a recompensa por informações que levem à sua captura elevada para R$ 100 mil.
Doca, de 55 anos, é apontado por promotores como o principal líder do CV no Complexo da Penha e em comunidades como Gardênia Azul, César Maia e Juramento. Investigações o ligam a mais de uma centena de homicídios, incluindo execuções de crianças e desaparecimentos nas áreas sob seu domínio. Em 2023, ele foi apontado como mandante da execução de três médicos na Barra da Tijuca, vítimas de uma confusão com milicianos rivais.
A Polícia Civil também investiga o envolvimento de Doca em ações do tráfico na Gardênia e em Rio das Pedras, e o considera um dos responsáveis pela guerra entre traficantes e milicianos nessas regiões. Entre seus homens de confiança, destaca-se Juan Breno Malta Ramos Rodrigues, o BMW, também procurado pela polícia.
Doca já havia sido alvo da operação Buzz Bomb, que investigou o uso de drones para lançar granadas, operados por pessoas ligadas ao CV. Atualmente, existem mais de 20 mandados de prisão expedidos contra ele pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ). Em caso de condenação, os crimes de organização criminosa e posse de material explosivo podem somar até 14 anos de prisão.
Durante a megaoperação, a polícia encontrou um grafite representando um urso gigante vestindo colete à prova de balas e portando um fuzil, em referência à “Tropa do Urso”, grupo ligado a Doca.
Em maio, Doca e outros dois criminosos se tornaram réus por um ataque à 60ª Delegacia de Polícia (Campos Elíseos), em Duque de Caxias. A Justiça aceitou a denúncia por tentativa de homicídio qualificado, dano qualificado, tortura e associação para o tráfico. Investigações apontam que Doca ordenou a invasão à unidade em fevereiro de 2025.
Além de Doca, o Ministério Público aponta Pedro Paulo Guedes, o Pedro Bala; Carlos Costa Neves, o Gadernal; e Washington Cesar Braga da Silva, o Grandão, como lideranças do CV.
A megaoperação resultou na morte de quatro policiais e deixou oito agentes feridos. De acordo com a Polícia Civil, 60 suspeitos foram mortos, sendo dois deles da Bahia. Quatro moradores também foram atingidos. A ação visava cumprir mandados de prisão contra membros do CV, incluindo 30 de fora do Rio, escondidos nos complexos da Penha e do Alemão, considerados bases para a expansão territorial da facção. Até o fim da tarde, 81 pessoas foram presas e 93 fuzis apreendidos. Entre os presos, estão o operador financeiro de Doca e Thiago do Nascimento Mendes, o Belão do Quitungo, um dos braços armados do criminoso.
Fonte: www.infomoney.com.br



