Em um cenário econômico marcado por uma taxa Selic de 15%, o mercado de crédito estruturado demonstra cautela renovada. O período de emissões fáceis parece ter ficado para trás, e a atenção dos gestores se volta para um trabalho minucioso que envolve análises detalhadas, visitas técnicas e avaliações rigorosas de garantias.
Durante um evento promovido pela XP, especialistas da XP Asset e JiveMauá compartilharam suas perspectivas sobre como a elevação das taxas de juros está transformando o cenário das operações de crédito no setor imobiliário.
Um dos gestores da XP Asset enfatizou que a capacidade de pagamento é o fator primordial em qualquer operação, superando a importância da garantia em si. Segundo ele, o momento atual exige uma análise ainda mais aprofundada, com reavaliação de garantias, simulações de diferentes cenários e a busca por margens de segurança mais amplas. O aumento nos spreads exigidos em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) reflete essa postura de maior prudência.
A XP tem optado por operações menos complexas e de menor duração, priorizando negócios já em andamento, com receitas previamente contratadas e garantias sólidas. O foco, segundo a gestora, está em créditos de qualidade com execução ágil. Um exemplo citado foi o caso de uma incorporação imobiliária que foi descartada após uma visita técnica revelar um prazo de execução duas vezes maior do que o estimado inicialmente.
O fundo também tem evitado o segmento de incorporações voltadas para a classe média, que considera o mais vulnerável aos custos do crédito. A preferência recai sobre empreendimentos de alto padrão, que conseguem repassar os custos, e aqueles de baixa renda, que contam com o suporte de programas habitacionais.
Um gestor da JiveMauá complementou a discussão alertando para os riscos de liquidez nesse mercado. Ele destacou que a falta de compradores em caso de necessidade de venda antecipada de uma operação pode gerar prejuízos ainda maiores do que a inadimplência.
O gestor da JiveMauá também ressaltou a importância da gestão de riscos e da capacidade de reação diante de imprevistos no crédito imobiliário. Ele argumenta que a natureza dos fundos imobiliários oferece tempo para negociação em situações adversas, ao contrário de fundos abertos, onde o resgate pode forçar a venda e destruir o valor. O acompanhamento constante, segundo ele, é fundamental para evitar erros e garantir a segurança do investimento.
Fonte: www.infomoney.com.br



