Após as eleições legislativas de meio de mandato, os mercados argentinos exibem um notável otimismo. Em Nova York, o ETF Global X MSCI Argentina, um importante indicador do desempenho das ações do país, registrou um salto de aproximadamente 17%, com alguns papéis valorizando-se em até 35%.
Ainda no domingo, com a divulgação dos resultados eleitorais, o peso argentino já mostrava sinais de fortalecimento no mercado de criptomoedas. Paralelamente, o dólar paralelo, conhecido como “dólar blue” e negociado fora do sistema bancário formal, sinaliza uma tendência de queda na semana, após ter fechado a 1.525 pesos na sexta-feira. O dólar oficial também apresentou recuo, com uma queda superior a 5%, atingindo 1.430 pesos para venda e 1.380 pesos para compra.
A vitória nas eleições legislativas de meio de mandato do partido do presidente Javier Milei impulsionou a confiança dos investidores. O resultado é interpretado como um sinal de apoio popular à agenda de reformas econômicas radicais propostas pelo governo, mesmo diante do descontentamento gerado pelas medidas de austeridade.
O resultado também repercutiu nos Estados Unidos, com o ex-presidente Donald Trump celebrando a vitória de Milei e afirmando que a confiança depositada nele foi justificada pelo povo argentino.
Analistas do Bradesco BBI apontam que o novo cenário político, combinado com o apoio financeiro externo, cria um ambiente favorável para os ativos argentinos. A expectativa é de uma redução progressiva do risco-país e um aumento no valor das ações, sob a premissa de uma governança negociada. O banco mantém uma posição de “overweight” (exposição acima da média do mercado) em relação à Argentina, com destaque para empresas como Vista Energy, Pampa Energía, TGS, BYMA e Banco Macro.
O Banco Macro é visto como o principal beneficiário da tese de crescimento da Argentina, combinando disciplina em inadimplência, financiamento de baixo custo e alta exposição à recuperação doméstica. Após as eleições, o Itaú BBA elevou a recomendação para o setor bancário para “outperform” (desempenho acima da média do mercado), esperando que o ambiente de crescimento para os bancos argentinos retorne aos trilhos.
Segundo analistas, o resultado eleitoral aumenta as chances de continuidade das políticas implementadas, auxiliando no controle da inflação e das taxas de juros, o que impacta positivamente as perspectivas para o crédito bancário e seus múltiplos de avaliação.
O Morgan Stanley mantém uma recomendação de “outperform” para os bancos, que devem se beneficiar de uma expansão de crédito de vários anos, baixa penetração, capital sólido e renovado interesse dos investidores.
Analistas sugerem que o resultado eleitoral, mais expressivo do que o esperado, pode refletir o receio de uma nova crise econômica caso o país abandone as políticas de austeridade de Milei.
Javier Milei, em discurso após a divulgação dos resultados, afirmou que os argentinos demonstraram não querer retornar ao modelo de fracasso.
Gustavo Córdoba, diretor da empresa argentina de pesquisas Zuban Córdoba, expressou surpresa com o resultado de Milei e acredita que ele reflete a preocupação com a possibilidade de repetição das crises econômicas de governos anteriores. Ele ressaltou que o governo parece ter garantido o terço de assentos necessários na Câmara dos Deputados para evitar que qualquer veto presidencial futuro seja derrubado pelo Congresso.
Marcelo Garcia, diretor para as Américas da consultoria de risco Horizon Engage, avalia que Milei poderá defender facilmente seus decretos e vetos no Congresso.
O governo Trump ofereceu um resgate financeiro potencialmente no valor de US$ 40 bilhões para apoiar Milei, incluindo um swap cambial de US$ 20 bilhões já assinado e uma proposta de facilidade de investimento em dívida de US$ 20 bilhões.
Fonte: www.infomoney.com.br



