A Receita Federal detectou indícios robustos de fraude fiscal em empresas de proteção veicular, alvos da CPI das Câmeras da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). A constatação ocorreu durante uma reunião do colegiado, na qual representantes da Receita participaram para analisar possíveis irregularidades tributárias no setor.
Mônica Barreto, representante da Superintendência Regional da Receita Federal, afirmou que as informações reunidas pela CPI sugerem a ocorrência de sonegação por parte de empresas que atuam como seguradoras, mas sem cumprir as obrigações fiscais do ramo.
“Se essas entidades operam como seguradoras, devem pagar os tributos federais e municipais aplicáveis ao setor. Vamos analisar as informações levantadas pela comissão e encaminhá-las à área responsável pela análise dos indícios”, declarou.
O presidente da CPI, deputado Alexandre Knoploch (PL), ressaltou a importância da participação da Receita para aprofundar as investigações. Segundo ele, os dados iniciais indicam que a sonegação pode alcançar R$ 1 bilhão.
“Se 20% desse valor deveria ser tributo, estamos falando de cerca de R$ 200 milhões. É um montante expressivo, que precisa ser esclarecido”, afirmou Knoploch.
O deputado Alan Lopes (PL) classificou como graves as irregularidades atribuídas às empresas do setor, questionando a justificativa apresentada por representantes das companhias, que atribuíram inconsistências a falhas bancárias.
“Essa justificativa não se sustenta. Já existem indícios de fraude tributária, uso de familiares como laranjas e conexões com grupos que atuam na recuperação de veículos”, afirmou o parlamentar.
A representante da Receita Federal reforçou a confiabilidade das informações financeiras utilizadas na investigação: “Toda movimentação bancária que chega à Receita vem formalmente pelos próprios bancos. Em princípio, está tudo correto, são informações oficiais”, ressaltou Mônica Barreto.
Durante a reunião, o colegiado ouviu Alex Cordeiro, presidente da empresa Gênesis, que atua há 12 anos no setor e apresentou relatório de arrecadação de aproximadamente R$ 30 milhões entre janeiro e outubro deste ano.
Ao analisar a estrutura societária da empresa, os deputados identificaram a participação do sócio Alexandre Detone, proprietário da Adm Tracker, responsável por cerca de 15% do faturamento da Gênesis, aproximadamente R$ 500 mil mensais. Detone também mantém outras sociedades com Cordeiro, incluindo uma sorveteria. Diante das ligações, a CPI decidiu convocar Detone para prestar depoimento.
Na última sexta-feira (14), integrantes da CPI realizaram uma fiscalização em um galpão em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, que estaria sendo utilizado para o desmanche de veículos roubados. No local, os parlamentares encontraram um homem com a chave do pátio, que foi encaminhado à Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis. O espaço foi lacrado e o material apreendido será periciado.
Knoploch afirmou que o caso reforça a estrutura do crime organizado ligada ao roubo e desmanche de carros. “Encontramos peças novas, carros inteiros reduzidos a fragmentos e placas adulteradas. A cadeia é sempre a mesma: roubo, desmanche, receptação e venda em plataformas gigantes”, disse o deputado.
O vice-presidente da CPI, Marcelo Dino (União), relatou que o cenário encontrado pelos parlamentares evidencia o grau de violência do esquema.
“Havia carros com manchas de sangue, peças sem identificação e vidros quebrados. Esse sistema criminoso vem assolando o estado. Vamos continuar com essas ações até chegarmos a todos os responsáveis”, finalizou.
Fonte: diariodorio.com



