A Cúpula dos Povos, realizada na Universidade Federal do Pará, em Belém, encerrou suas atividades neste domingo, com uma forte oposição às “falsas soluções” climáticas e um apelo urgente por mudanças nos modelos de produção global. O objetivo central é garantir justiça social, soberania e a participação ativa da população nas decisões.
O encontro, que começou no dia 12 de novembro, reuniu cerca de 20 mil participantes, oferecendo uma programação paralela à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30). Além de painéis de discussão, mesas redondas e atividades coletivas, a cúpula foi marcada por uma barqueata na Baía do Guajará, com a participação de aproximadamente 5 mil pessoas em 250 embarcações. Uma passeata, que uniu diversos movimentos sociais, atraiu cerca de 70 mil pessoas, segundo os organizadores.
Darcy Frigo, membro da Comissão Política da Cúpula do Clima, ressaltou a importância da mobilização popular como forma de amplificar as vozes e reivindicações diante do processo decisório da COP30, onde as soluções consideradas adequadas ainda não foram encontradas. “Nós gritamos aqui que quem tem a solução são os povos. E os povos dizem: ‘nós somos a solução'”, afirmou Frigo.
Ao longo de dois anos, povos de diversas partes do mundo colaboraram na elaboração de uma declaração, assinada por 1.109 organizações sociais e movimentos políticos. O documento foi apresentado e entregue ao presidente da COP30, o embaixador André Corrêa do Lago, neste domingo.
A declaração questiona o modelo de produção global e seus processos capitalistas, incluindo a transição energética, as soluções apresentadas nas negociações formais das COPs e o sistema de multilateralismo adotado. Thauane Nascimento, também da Comissão Política da Cúpula do Clima, argumenta que “a produção capitalista é a principal causa dessa crise do clima.” Ela critica as “supostas soluções climáticas” promovidas pelo sistema, afirmando que “essas soluções não irão cumprir o seu propósito”.
Os organizadores da cúpula enfatizam que a lógica do capital permite que grandes empresas influenciem a tomada de decisões e a criação de políticas públicas, resultando em “falsas soluções” para a crise climática. Thauane Nascimento destaca que “essa organização dos povos é o caminho, é o modelo para a solução dessa crise.” Ela também reforça a oposição à privatização, mercantilização e financiarização de bens comuns e serviços públicos, considerando-as contrárias aos interesses da população global.
André Corrêa do Lago se comprometeu a apresentar a declaração nos espaços de negociação da COP30. “Fico muito feliz de poder presidir essa COP com esse apoio que sinto de vocês. Espero que a COP30 seja a COP da virada”, declarou o embaixador.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br



