O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) acaba de lançar uma nova fase da Agenda Cidade Unicef, um projeto ambicioso que visa fortalecer a proteção de crianças e adolescentes que vivem em favelas, periferias e outros territórios vulneráveis de oito capitais brasileiras. São elas: Belém, Fortaleza, Manaus, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Luís e São Paulo.
A iniciativa surge em resposta a dados alarmantes sobre violência nessas cidades. Entre 2021 e 2023, mais de 2.200 crianças e adolescentes foram vítimas de mortes violentas, enquanto aproximadamente 14.200 sofreram alguma forma de violência sexual. Os números foram levantados pelo próprio Unicef em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
O objetivo principal da Agenda Cidade Unicef é aprimorar o trabalho já desenvolvido pelos municípios, oferecendo uma série de atividades de formação, fortalecimento institucional e criação de instrumentos administrativos. Segundo um coordenador do programa, a ideia é apoiar os municípios no desenvolvimento de ferramentas para a prevenção primária, garantindo que crianças e adolescentes tenham acesso à educação, saúde e espaços de convivência seguros, sem que seu trajeto entre casa e escola seja interrompido por episódios de violência.
As ações são cuidadosamente planejadas para atender às necessidades específicas de cada localidade, mas o Unicef também promove a troca de experiências entre as cidades participantes. As intervenções são estruturadas em cinco eixos principais: educação de qualidade, inclusão produtiva, serviços de proteção, saúde integral e bem-estar, e voz ativa na construção de soluções.
Na área da saúde, por exemplo, o foco está na capacitação de profissionais da atenção básica para melhorar a notificação de casos de violência. Nas escolas, serão implementadas ferramentas de busca ativa para crianças que abandonaram os estudos, além de ações para promover uma cultura de paz em ambientes escolares onde ocorrem episódios de violência.
Outra preocupação central do Unicef são os impactos das operações policiais na vida de crianças e adolescentes que vivem em regiões periféricas. Pesquisas recentes revelaram que essas incursões têm afetado negativamente a educação e a saúde desses jovens. O Unicef defende que essas operações, além de não resolverem o problema da violência armada e do tráfico, causam prejuízos enormes para as crianças, impactando seu aprendizado, acesso à saúde e saúde mental.
Diante desse cenário, o Unicef pretende promover articulações que vão além do âmbito municipal, envolvendo o sistema de Justiça e segurança, incluindo o Judiciário, o Ministério Público, a Defensoria Pública e as polícias.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br
