O Senado voltou a girar em torno de velhos nomes e novas promessas. O presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), escolheu Renan Calheiros (MDB-AL) — sim, ele mesmo — para relatar o projeto que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.
A decisão soa como um déjà vu político: em meio à pressão popular por alívio no bolso, quem volta à cena é um dos caciques mais experimentados (e controversos) de Brasília. Renan, em tom conciliador, promete entregar o relatório em até 30 dias e “evitar mudanças que atrasem o benefício ao trabalhador”.
Nos bastidores, a nomeação tem sabor agridoce. Enquanto parte do Senado celebra a “experiência” de Renan, outros enxergam o gesto como uma dose extra de pragmatismo político com açúcar e cálculo — uma receita típica de quem sabe transformar até um projeto tributário em instrumento de poder.
A proposta, que eleva a isenção e reduz alíquotas até R$ 7.350, é um presente eleitoral de alto custo: especialistas estimam impacto bilionário nas contas públicas. Ainda assim, o discurso do “alívio ao contribuinte” é irresistível para qualquer governo com olho em popularidade.
Renan, por sua vez, parece saborear o retorno aos holofotes. A pauta é popular, o palco é o Senado, e o momento, oportuno. Afinal, em Brasília, nada adoça mais o jogo do poder do que uma boa dose de isenção — de imposto e de memória.



